Vista Alegre rima com arroz doce


As porcelanas da Vista Alegre sempre foram uma referência de qualidade para a minha família paterna, consideradas mesmo como as únicas a serem dignas poderem ser incluídas na categoria das porcelanas. A colecção de peças antigas desta fábrica é quase uma obrigação familiar. Eu própria já assimilei o hábito, às vezes, deplorável, de inverter pratos e chávenas para verificar qual o símbolo (carimbo), porque como devem saber este evoluiu ao longo do tempo e o maior ou menor valor de uma peça da Vista Alegre depende da sua antiguidade, isto é, do tipo de carimbo que encontramos no reverso.

Acredito que os meus pais, quando foram para Angola na década de cinquenta, não levaram peças da Vista Alegre na sua bagagem. Aliás, esta deveria ser muita reduzida, uma vez que era expectável terem à sua espera uma casa mobilada e apetrechada com loiças e roupas. Claro que a realidade não foi assim tão idílica. A primeira casa em que viveram tinha o tecto a cair, das paredes saía salalé e só quando a minha mãe, por acso, derramou um copo de água no chão é que se apercebeu que este não era de terra batida como imaginava, mas que existia uma camada de cimento por baixo. Isto pode parecer uma visão pouco agradável, mas eles ainda hoje falam desse local com muita saudade. Porque ao fim de algum tempo foi construída uma casa nova e tiveram oportunidade de desenharem todos os móveis e de a decorarem ao seu gosto. Numa outra entrada falarei um pouco mais sobre este local - o Cariango.


Comentários

Marly disse…
Que delícia! e a sopeira que o contém também é linda!

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