Uma sereia numa poça de água


A inspiração para esta entrada veio de um livro que ando a ler e se intitula a "A pesca do salmão no Iémen", da autoria de Paul Tornay e editado pela ASA. Como o nome sugere trata-se de uma sátira absolutamente deliciosa onde se analisam as complexas relações entre ciência e política ao mesmo tempo em que também está implícita uma certa crítica aos valores pelos quais se gere o mundo académico no presente. O protagonista, que dá pelo nome de Dr. Alfred Jones escreveu um artigo sobre os "Efeitos da crescente acidez da água na larva da mosca-de-água", o qual lhe grangeou algum reconhecimento. Porém, a sua vida foi alterada quando lhe pediram para criar um rio com salmões no Iémen. O projecto, de início considerado como absurdo, acabou por ter continuidade. Mas não vou contar aqui mais nada, para não tirar o prazer da leitura a quem se interessar por tão extravagante temática.

Ao olhar para uma pequenina peixeira que faz parte de um trem de cozinha em cobre, que me ofereceram em Angola, imaginei logo uma fotografia com um peixe dentro, cujas extremidades seriam visíveis a partir dos dois extremos do recipiente. Claro que daí a lembrar-me do marcador do livro que referi em cima, foi coisa de um minuto! É provável que em Angola nunca ninguém tenha pensado na absurda ideia de introduzir o salmão nalgum dos rios que atravessam esse país, mas não por falta de imaginação. A propósito recordo-me de uma pequena história, totalmente delirante, que correu em Luanda nos inícios dos anos setenta - teria aparecido uma sereia numa poça de água e lama. Este episódio era relatado e discutido, por alguns, como algo verosímil. Foi mesmo objecto de notícias na rádio. Neste momento, poderia dar continuidade a esta história e imaginar que a bela sereia não era mais do que uma salmão perdido, que através de uma eventual rede de canais existentes no interior do globo teria desembocado em pleno caos urbanístico de Luanda, depois de uma chuvada tropical ter deixado alguns vestígios em ruas não alcatroadas.

Comentários

Babette disse…
Mais uma história deliciosa acompanhada de uma receita de fazer crescer água na boca!...
Obrigada pelas visitas!
Babette

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