O arranjar das travessas e as influências estéticas da BURDA


Confesso que as travessas e os pratos de servir à mesa, sejam eles em vidro, cerâmica ou mesmo em metal, continuam a ser os meus preferidos, quando penso na preparação e posterior apresentação de uma refeição. Recuso-me mesmo a fazer uso do termo "empratar", por considerar que este está associado a um ambiente mais impessoal, onde prevalece a preparação em série de iguarias para comensais anónimos. Mesmo quando este processo ocorre num grande restaurante, digno de algumas estrelas Michelin, não se pode negar que existe sempre uma mecanização na preparação do prato, procurando-se atingir a não variabilidade no produto final. Em contraste, arranjar uma travessa é um acto único, que não necessita de ser repetido de forma rigorosa. Por outro lado, há ainda a questão da partilha de um objecto que passa pela mão de várias pessoas ou do qual todos retiram o seu quinhão. Isto é, induz uma vertente convival que o prato preparado isoladamente não evoca, este pelo contrário remete para o individualismo da relação entre o meio (comida) e o homem. Talvez esteja a ser muito crítica! Alguns considerarão exactamente o contrário. Mas tudo isto resulta do facto de me recordar da preocupação que a minha mãe sempre teve com o "arranjar" das travessas, as quais deveriam causar algum efeito de surpresa ao chegarem à mesa.

Lombo de porco assado com cerveja servido frio e em fatias finas (p.67)



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